YANSAN Segundo a lenda, Oyá vivia feliz com Ogun, pois os dois tinham muitas coisas
em comum, como o gosto pela guerra e o desejo de desbravar novos lugares.
Gostavam da companhia um do outro, sentindo-se em harmonia. Com ele, que
é conhecedor de todos os caminhos, Oyá aprendeu a andar pela Terra.
Gostava muito de vê-lo trabalhar, em seu oficio de ferreiro, tentando
aprender como ele confeccionava suas armas e ferramentas. Oyá pedia
insistentemente que lhe fizesse uma arma para guerrear.
Um dia, Ogun a surpreendeu, oferecendo-lhe uma espada curva, que era
ideal para seu uso. Isso a agradou muito, tanto que, mais tarde, todo seu
exército estava usando esse mesmo tipo de arma.
Mas Ogun não a levava em suas batalhas, deixando-a sozinha e entediada.
Sem falar no tempo que gastava em seus afazeres de ferreiro. Oyá adorava
a liberdade, mas, ao mesmo tempo, não dispensava uma boa companhia.
Começou a sentir-se rejeitada por ele.
Foi nesse momento que Xangô, o grande rei, foi procurar Ogun, pois
precisava de armas para seu exército. Ele era muito atraente e cuidadoso
com sua aparência. Era impossível não notar sua presença.
Ogun, aceitando o pedido, começou a produzir armas para Xangô, que tinha
muita urgência. Ficaria na aldeia o tempo necessário para o término do
serviço.
Xangô também notou a presença de Oyá, sentindo uma grande atração por
ela. Com seu jeito de ser, aproximou-se dela para trocar conhecimentos a
respeito de suas habilidades. Descobriram, nessas conversas, que possuíam
muitas afinidades, inclusive que não gostavam de viver isolados, assim como
Ogun.
Oyá estava muito interessada em Xangô e em tudo o que estava aprendendo
com ele, mas não queria magoar Ogun, a quem respeitava muito.
Xangô propôs-lhe uma união eterna, sem monotonia, sem solidão, viajando
sempre juntos por toda a Terra. Seria uma união perfeita.
Quando Ogun terminou seu trabalho, os dois já haviam partido. Ele ficou
enfurecido com a traição de ambos, mesmo sabendo que sua companheira
não podia ficar cativa para sempre.
Partiu atrás deles para vingar sua desonra!
Oyá estava vindo ao seu encontro, para explicar-lhe que não poderia mais
ficar com ele, pois Xangô a completava, mas que iria respeitá-lo sempre
como grande orixá da guerra.
Ogun estava tão enfurecido, que não ouviu o que ela dizia, e foi com grande
fúria que investiu contra ela, erguendo sua espada. Oyá, em defesa própria,
também o atacou. Ela foi golpeada em nove partes do seu corpo, e Ogun em
sete, formando curas. Esses números ficaram muito ligados a esses orixás,
assim como as curas, que foram introduzidas nos rituais africanos
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