martes, 7 de octubre de 2008

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OBALUAIÊ

AS CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OBALUAIÊ

Ao senhor da doença é relacionado um arquétipo psicológico derivado
de sua postura na dança: se nela Omulu/Obaluaiê esconde dos
espectadores suas chagas, não deixa de mostrar, pelos sofrimentos
implícitos em sua postura, a desgraça que o abate. No comportamento
do dia-a-dia, tal tendência se revela através de um caráter tipicamente
masoquista.
Arquetipicamente, lega a seus filhos tendências ao masoquismo e à autopunição, um austero código de
conduta e possíveis problemas com os membros inferiores, em geral,
ou pequenos outros defeitos físicos.
Pierre Verger define os filhos de Omulu como pessoas que são
incapazes de se sentirem satisfeitas quando a vida corre tranqüila para
elas. Podem até atingir situações materiais e rejeitar, um belo dia,
todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos imaginários.
São pessoas que, em certos casos, se sentem capazes de se
consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo completa abstração de
seus próprios interesses e necessidades vitais.
No Candomblé, como na Umbanda, tal interpretação pode ser demais
restritiva. A marca mais forte de Omulu/Obaluaiê não é a exibição de
seu sofrimento, mas o convívio com ele. Ele se manifesta numa
tendência autopunitiva muito forte, que tanto pode revelar-se como
uma grande capacidade de somatização de problemas psicológicos
(isto é, a transformação de traumas emocionais em doenças físicas
reais), como numa elaboração de rígidos conceitos morais que afastam
seus filhos-de-santo do cotidiano, das outras pessoas em geral e
principalmente os prazeres. Sua insatisfação básica, portanto, não se
reservaria contra a vida, mas sim contra si próprio, uma vez que ele foi
estigmatizado pela marca da doença, já em si uma punição.
Em outra forma de extravasar seu arquétipo, um filho do Orixá , menos
negativista, pode apegar-se ao mundo material de forma sôfrega, como
se todos estivessem perigosamente contra ele, como se todas as riquezas lhe fossem negadas, gerando um
comportamento obsessivo em torno da necessidade de enriquecer e ascender socialmente.
Mesmo assim, um certo toque do recolhimento e da autopunição de Omulu/Obaluaiê serão visíveis em seus
casamentos: não raro se apaixonam por figuras extrovertidas e sensuais (como a indomável Iansã, a
envolvente Oxum, o atirado Ogum) que ocupam naturalmente o centro do palco, reservando ao cônjuge de
Omulu/Obaluaiê um papel mais discreto. Gostam de ver seu amado brilhar, mas o invejam, e ficam vivendo
com muita insegurança, pois julgam o outro, fonte de paixão e interesse de todos.
Assim como Ossãe, as pessoas desse tipo são basicamente
solitárias. Mesmo tendo um grande círculo de amizades,
freqüentando o mundo social, seu comportamento seria
superficialmente aberto e intimamente fechado, mantendo um
relacionamento superficial com o mundo e guardando sua
intimidade para si própria. O filho do Orixá oculta sua
individualidade com uma máscara de austeridade, mantendo
até uma aura de respeito e de imposição, de certo medo aos
outros. Pela experiência inerente a um Orixá velho, são
pessoas irônicas. Seus comentários porém não são prolixos e
superficiais, mas secos e diretos, o que colabora para a
imagem de terrível que forma de si próprio.
Entretanto, podem ser humildes, simpáticos e caridosos. Assim
é que na Umbanda este Orixá toma a personalidade da
caridade na cura das doenças, sendo considerado o "Orixá da
Saúde”.
O tipo psicológico dos filhos de Omulu é fechado, desajeitado,
rústico, desprovido de elegância ou de charme. Pode ser um
doente marcado pela varíola ou por alguma doença de pele e é
freqüentemente hipocondríaco. Tem considerável força de
resistência e é capaz de prolongados esforços. Geralmente é um pessimista, com tendências
autodestrutivas que o prejudicam na vida. Amargo, melancólico, torna-se solitário. Mas quando tem seus
objetivos determinados, é combativo e obstinado em alcançar suas metas. Quando desiludido, reprime suas
ambições, adotando uma vida de humildade, de pobreza voluntária, de mortificação.
É lento, porém perseverante. Firme como uma rocha. Falta-lhe espontaneidade e capacidade de adaptação,
e por isso não aceita mudanças. É vingativo, cruel e impiedoso quando ofendido ou humilhado.
Essencialmente viril, por ser Orixá fundamentalmente masculino, falta-lhe um toque de sedução e sobra
apenas um brutal solteirão. Fenômeno semelhante parece ocorrer no caso de Nanã: quanto mais poderosa
e mais acentuada é a feminilidade, mais perigosa ela se torna e, paradoxalmente, perde a sedução.

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